Ag. Senado
Representantes dos ministérios da Previdência e da Saúde
defenderam nesta quinta-feira, 3, normas sobre saúde do trabalhador para coibir
o alto número de acidentes de trabalho no Brasil. O assunto foi discutido em
audiência pública na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.
Segundo dados apresentados pelo coordenador-geral de
Monitoramento dos Benefícios por Incapacidade do Ministério da Previdência
Social, Paulo Rogério de Oliveira, 280 trabalhadores se acidentam a cada hora
de trabalho no Brasil. São cinco trabalhadores acidentados por minuto e 10
trabalhadores mortos por dia durante a jornada de trabalho.
O presidente da Comissão de Seguridade Social, deputado
Amauri Teixeira (PT-BA), disse que vai analisar as propostas e apresentar os
projetos de lei sugeridos. O parlamentar, que sugeriu a audiência, também vai
propor aos líderes partidários uma comissão geral no Plenário para ampliar a
discussão sobre o problema.
Teixeira ressaltou que o impacto dos acidentes trabalhistas
sobre a Previdência Social gira em torno de R$ 70 bilhões ao ano, incluindo
auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensão vitalícia ao cônjuge, no
caso de acidentes fatais.
Além disso, os acidentes de trabalho, segundo ele, geram
grandes gastos ao Sistema Único de Saúde (SUS), além de terem impactos sociais,
por conta da morte de trabalhadores responsáveis pelo sustento de suas
famílias.
Causas
Segundo o coordenador-geral de Saúde do Trabalhador do
Ministério da Saúde, Jorge Mesquita, as principais causas dos acidentes são a
banalização do problema e a falta de políticas de prevenção. Conforme Mesquita,
os grupos mais vulneráveis são: os motoristas, os agentes de segurança, os
trabalhadores da construção civil e os trabalhadores rurais.
Mesquita apresentou ainda dados do Dieese, segundo os quais
os riscos de um empregado terceirizado morrer de acidente de trabalho é 5,5
vezes maior do que nos demais segmentos produtivos. “A precarização nas
condições de trabalho agrava os riscos”, ressaltou.
O deputado Amauri Teixeira salientou que o Plenário da
Câmara aprovou nesta quarta-feira (2) o aumento da jornada de motoristas
profissionais, o que pode gerar ainda mais acidentes entre caminhoneiros.
"Isso é extremamente nefasto. Vou pedir que a presidente Dilma Rousseff
vete esse dispositivo", observou.
Falta de auditores
O representante do Ministério do Trabalho e Emprego,
Fernando Vasconcelos, destacou que existem apenas 2,6 mil auditores fiscais
para fiscalizar as condições trabalhistas em todo o País. Em 2014, a
fiscalização atingiu apenas 111 empresas até agora.
Já o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores
Fiscais do Trabalho (Sinat), Carlos Fernando da Silva Filho, informou que o
sindicato já pediu ao Ministério do Planejamento fortalecimento da auditoria
fiscal no Brasil, mas não foi atendido. "Temos um auditor para cada 4 mil
empresas", ressaltou.
Para ele, a prevenção dos acidentes de trabalho deveria ser
prioridade nas políticas públicas no Brasil. “Os acidentes de trabalho são uma
das maiores mazelas sociais do País”, disse. Ele também defendeu que sejam
garantidas normas regulamentadoras da saúde e da segurança, que são a
ferramenta para a atuação dos auditores.
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