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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Responsabilidade para doar sangue


A Tribuna - 25/nov/2012
Além do caráter solidário, o ato de doar sangue requer muita responsabilidade. A veracidade das informações passadas na triagem feita antes da coleta é decisiva para que vidas sejam de fato salvas nos leitos hospitalares.

Isto porque não existe transfusão de sangue 100% segura. O que há de mais avançado para aferir a sorologia – ou seja, o nível de infecção – do sangue colhido nos hemonúcleos de qualquer parte do mundo é o teste de ácido nucléico NAT.

Com esse exame, a janela imunológica (tempo em que o vírus permanece indetectável por teste) cai de 22 para dez dias, no caso do vírus transmissor da Aids (HIV); e de 35 para 12 dias para a hepatite C.

Apesar de não ser obrigatório no país, o teste NAT é realizado em amostras do material colhido em alguns bancos de sangue brasileiros. Integram esse seleto grupo todos os hemonúcleos de hospitais públicos e filantrópicos da Baixada Santista. Em Santos, instituições particulares também adotam esse procedimento.

Entrevista
Devido a impossibilidade de garantir a segurança em 100% do sangue para transfusão, os doadores passam por um rígido processo de triagem. Após preencher um cadastro, o candidato a doador é entrevistado por biomédicos, para identificar comportamentos que indiquem riscos de que o material a ser coletado esteja infectado por algum tipo de vírus.

“Se na entrevista identificarmos o menor grau de risco, logo descartamos a doação”, explica a chefe do Banco de Sangue da Santa Casa de Santos, Delci Gomes.

São excluídos os candidatos com comportamento sexual de risco. Quem já teve malária, hepatites, doença de Chagas, câncer e hanseníase nunca poderá doar sangue. O mesmo ocorre para o doente com Aids e também os diabéticos com complicação vasculares.

Há ainda outras indicações para ser um doador de sangue. ‘É muito importante que o candidato fale somente a verdade na entrevista, além de evitar que o sangue seja desperdiçado, caso haja identificação de alguma contaminação, há o risco da janela imunológica”, afirma Delci.

Janela
Pode demorar meses para uma pessoa infectada pelos vírus HIV e HCV (hepatite C) desenvolver anticorpos das doenças. O NAT só detecta a presença de anticorpos nas janelas de dez e 12 dias para, respectivamente, Aids e hepatite C.

Se o NAT for feito em uma janela inferior, a detecção de ambos os vírus não será possível. “Por isso, a doação é um ato de amor e, sobretudo, de responsabilidade. Quem doa precisa ter certeza de que seu sangue não vai prejudicar, em hipótese alguma, quem precisa”, frisa Delci.

Exclusão
Como a entrevista aborda aspectos íntimos dos candidatos, há o voto de exclusão para quem não se sentir à vontade de atestar um comportamento de risco, por exemplo.

Depois da coleta, o doador deposita em uma urna o voto de exclusão. Isso indica que alguma informação passada na entrevista não é verdadeira. Tanto o voto de exclusão quanto tudo o que é informado na triagem é mantido em sigilo, inclusive os resultados negativos dos materiais rejeitados pelo NAT.

Dúvida
De acordo com a Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH) o teste NAT desenvolvido pela iniciativa pública – Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz – aparentemente não possui a sensibilidade à qual se propõe na detecção da janela imunológica no período de contaminação por HIV ou vírus da hepatite C.

“Hemonúcleos da capital paulista e de outras regiões do Estado, entre elas, Campinas e Ribeirão Preto identificaram que o nível de sensibilidade do NAT é inferior ao que está na bula do teste”, diz o presidente da ABHH, Cármino de Souza.

Ele destaca que a entidade já alertou o Ministério da Saúde sobre a possível falha. “Estive em Brasília durante a semana. Tivemos a garantia de que o Bio-Manguinhos dará uma resposta sobre o nível de segurança do NAT dentro de 30 dias.

Souza afirma que a qualidade do NAT brasileiro precisa ser assegurada o mais rápido possível. “Já tivemos muitos pacientes contaminados em transfusões de sangue antes da implantação do NAT. O mesmo pode ocorrer se a eficácia do teste na for garantida”.

Defesa
A chefe do Hemonúcleo do Hospital Guilherme Álvaro (HGA) Rosane Guilani, defende o NAT nacional. “A Fiocruz produz vacinas e outros produtos para o exterior. A qualidade da tecnologia desenvolvida no Brasil para o NAT está de acordo com os padrões internacionais”.

Segundo ela, o material colhido nos bancos de sangue públicos e filantrópicos da região enviado à Fundação Pró-Sangue, na capital. “O sangue usado em transfusões é seguro. Não tivemos casos de contaminação no HGA”, conclui.

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